Retratos
Retratos da representatividade feminina nos conselhos de administração, conselho fiscal, diretoria e presidência - gestão 2023:
1.Petrobrás, 2.Vale, 3. Itaú,4.Ambev, 5.Weg, 6. Embraer, 7.Bradesco, 8. Banco do Brasil, 9. BTG Pactual, 10.Santander, 11.Marfrig, 12.Parque Tecnológico.
NÚMEROS GESTÃO 2023 – dados e títulos dos cargos foram retirados dos sites das empresas em outubro de 2023.
03
Itaú
a. comitê executivo 1/13
b. diretores 5/20
c. presidência masculina
05
Weg
a. conselho adm 1/7
b. diretoria executiva 0/9
c. presidência masculina
01
1.Petrobras
a. diretoria executiva 1/9
b. conselho adm 1/11
c. conselho fiscal 4/10
d. presidência masculina
07
Bradesco
a. conselho adm 2/11
b. conselho fiscal 2/5 (4 suplentes homens e uma vaga em aberto)
c. diretoria 0/15
d. presidência e vice masculinos
09
BTG Pactual
a. conselho adm 1/9
b. conselho fiscal /comitê auditoria – 0/3
c. diretoria 1/14
d. presidência e vice masculinos
11
Marfrig
-
conselho adm 1/7
-
diretoria executiva 0/4
-
conselho fiscal 0/6
-
presidência masculina
02
Vale
a. vice-presidência 2/9
b. conselho adm 2/13
c. presidência masculina
04
Ambev
a. conselho adm 3/13
b. conselho fiscal 0/6
c. diretoria executiva 3/13
d. presidência masculina
06
Embraer
a. conselho adm 2/14
b. conselho fiscal 4/10
c. diretoria 2/12
d. presidência masculina
08
Banco do Brasil
a. conselho adm 4/8
b. conselho fiscal 1/10
c. diretoria 4/9
d. presidência e vice femininos
10
Santander
a. conselho adm 4/11
b. conselho fiscal /comitê auditoria 3/5
c. diretoria 14/58
d. presidência feminina e vice masculino
12
Parque tecnológico - São José dos Campos
a. Conselho adm 3/22
b. Conselho fiscal 0/0
c. Diretoria 0/3
d. Presidência e vice masculinos
Reflexões em infográficos
1.Ministras, 2.STF, 3.Pinkwashing, 4.O jogo da pirâmide, 5.Existe um lugar vago, quem o ocupará?, 6.Uma levanta a outra, 7.Jovem demais, velha demais
Sinopses Reflexão em infográficos:
O registro do processo criativo da obra é aqui representado através de fragmentos retirados do caderno de artista e apresentam os dados estatísticos, depoimentos e reflexões em forma de infográficos.
1. Ministras
2. STF
3. Pinkwashing
4. O jogo da pirâmide
5. Existe um lugar vago, quem o ocupará?
6. Uma levanta a outra
7. Jovem demais, velha demais
Sobre o projeto
Como designer e comunicadora, Renata desenvolveu muitos projetos de branding para marcas com foco em inovação social e sustentabilidade. Neste processo, esteve muito tempo envolvida com ambientes corporativos, quando a pulsão tácita em investigar o universo feminino e suas interseccionalidades se encontrou com a constatação da ausência de representatividade e poder de decisão feminina neste meios. Este fator a colocou em estado de atenção e profundo incomodo e reverberou até se encontrar com sua face artista visual, em que tem a oportunidade de transformar essa vivência em um trabalho reflexivo que expande esse questionamento para os campos da cultura e arte.
A série “Escuta-me, tenho algo a dizer.”, além da vivência em campo, parte de longa imersão em relatórios corporativos, pesquisas de mídia e apuração espontânea, por meio de um formulário continuamente ativo, acerca das inquietudes sobre a representatividade da mulher em cargos de liderança dentro das empresas. Essa pesquisa nasce de reflexões sobre a construção do significado de ser mulher na cultura contemporânea, questão incontornável quando falamos sobre o nosso futuro enquanto sociedade, e se desenvolve mostrando a importância da diversidade e inclusão na mesa de decisão.
O título da série é um pedido pela vez de fala na ágora social. Momento esse que já não pode ser adiado, por isso o pedido é formal e leva um ponto final. Sim, eu tenho algo a dizer, todas nós temos. Agora a vez é nossa, ponto final.
Síntese
Apesar do crescimento do número de mulheres nos cargos iniciais da hierarquia corporativa, a proporção de mulheres na liderança ainda é ínfima. Mascarados por ações que deveriam ser estruturais, mas que alcançam apenas as esferas comunicacionais. Os parâmetros ESG ficam apenas no discurso, a representatividade feminina em cargo de liderança revela, na verdade, um pinkwashing no relatório anual de sustentabilidade.
Em pleno 2023, 83% dos cargos de presidência ainda são ocupados por homens. Os 17% de mulheres em cargos de presidência significam um crescimento expressivo (pasmem!), comparados aos anos de 2019 (13%) e 2017 (8%). (HSM, 4:2023)
Consagradas como objetos e ignoradas como sujeito pela história da arte, no meio corporativo o cenário não é muito diferente. A busca por equidade de gênero e interseccionalidades, ainda que, respaldada por políticas públicas e parâmetros corporativos, avança, mas sem balançar o barco. As top cinco maiores empresas de capital aberto e familiares no Brasil tem uma representatividade mínima na liderança.
Números Gestão 2023
O Itaú Unibanco tem um programa chamado +mulheres +liderança, no site indicam que dentre os destaques desse programa são os 54,6% de colaboradoras mulheres ativas no banco. O que não é especificado é o cargo delas. Os dados por si só ficam esvaziados de sentido porque 54,6% de subalternas não significa que a dinâmica de liderança seja inovadora, diversa, inclusiva e muito menos que este seja um índice de equidade em liderança (título do programa).
Repetindo os dados da gestão do Itaú:
Itaú (R$ 260 bilhões):
• comitê executivo 1/13
• diretores 5/20
• presidência masculina
Acompanhe as metas de diversidade e inclusão da Embraer, Vale, Santander.
Manifesto
Na verdade, a lógica é simples. Sem representatividade não há mudança do status quo, ou seja, nada muda na cultura da marca, cultura empresarial, nada muda na lógica estrutural da cultura-sociedade-economia.
Capitalizar o discurso feminista através de narrativas de empoderamento que reforçam os mesmos padrões não gera transformação. Para que se tome decisões mais equânimes e inclusivas precisamos de representatividade e diversidade dentro dos círculos de decisão. Uma liderança diversa terá percepções e opiniões também diversa sobre qualquer que seja o objetivo ou desafio apresentado. Dessa forma, nos afastamos da monocultura discursiva de um único gênero, cor, raça e origem em direção a uma visão mais inclusiva e equilibrada.
Sem equidade, a cultura dominante prevalece. A mulher permanece como o outro, o estranho, o destoante, o dissidente. Ser o outro é não ter ação, é não ter voz e tampouco poder de decisão, é ser sempre o objeto e nunca o sujeito dessa relação dialética. A presença feminina só para ticar a caixinha da representatividade, é objetificante e não muda o status quo.
Diversidade junto a inclusão vão garantir a representatividade na mesa de decisões colocando um fim na monocultura de narrativa. Mulheres no poder, com poder. Uma vez que, novas perspectivas sejam integradas nas práticas do dia a dia invariavelmente deixaremos a visão homogênea, estereotipada e preconceituosa e, dessa forma, se possível, vislumbrar um projeto de futuro mais sustentável.
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Ficha técnica
Título: Escuta-me, tenho algo a dizer
materiais: lambes, desenho e pintura
técnica: instalação, estudo de caso, gráficos e desenho.
ano: 2023-2024
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Referências
• Bibliográficas
Representation Matters: Women political leaders.AISBL,2024
Global Gender Gap. World Economic Forum, 2024.
Women in the Workplace. McKinsey & Company, 2023
Mulheres na liderança – Brasil. HSM Management, Insper. São Paulo, 2023.
• Vídeo
Diversidade, inclusão e vieses inconscientes. Cristina Kerr. TEDxFAAP, 2021.
O que elas querem? Ep.2 Liderança Feminina. Mamilos podcast, 2022.
Brasil: mais feminino, mais velho e mais precarizado #210. Angu de grilo podcast, 2023.
Maíra Liguori e o futuro do cuidado #38. O corre delas podcast, 2023
Estou esgotada, logo existo? #208. Bom dia, obvius podcast, 2023.
Conflitos dos masculino. Vibes em análise podcast, 2023.
• Cursos maravilhosos que recomendo
Um olhar público e Mulheres artistas na história da arte com Isabel Carvalho